Somos 30 na Incomum, entre Pelotas (RS), Chapecó (SC) e Palmas (TO). Frente à chegada do coronavírus ao país, dia 16 de março decidimos que deveríamos adotar uma estratégia de distanciamento social.
UMA NOVA ROTINA
Em uma agência de publicidade, com a tecnologia disponível, trabalhar em regime de home office é mais viável do que em outros tipos de atividades. Porém há alguns elementos que nunca haviam sido testados por nós neste cenário. O primeiro dele é o acesso remoto ao servidor local na agência. Eventualmente, já era usado, porém não em larga escala com todas as pessoas usando ao mesmo tempo.
Na segunda-feira, dia 16, a ideia de uma primeira etapa era, a partir do dia seguinte, ir liberando para trabalhar em casa apenas aqueles que precisavam de transporte público, fossem do grupo de risco ou tivessem alguém em casa nessa situação. Isso serviria, até então, sob o ponto de vista epidemiológico mas também como teste de acesso pesado ao servidor. Reunimos os líderes dos departamentos para saber o que pensavam sobre a proposta e chegamos juntos à conclusão que não haveria por que não liberar todos para o trabalho remoto a partir de terça, 17. Possíveis problemas de conexão seriam resolvidos em voo.
Sem prejuízo à rotina, passamos a tarde do dia 16 configurando os acessos e treinando o pessoal para usar, verificando quem tinha estrutura em casa para trabalhar sem prejuízo de desempenho e o que precisaríamos suprir em alguns casos, de computador à cadeira.
O servidor seria usado apenas para baixar arquivos em casa, trabalhar local e subir de volta. Nosso ERP é em nuvem, mas o backup de trabalhos não. Também por isso, pelo menos ao final do dia, os arquivos desenvolvidos precisariam ser subidos de volta.
Como na segunda fizemos nossa reunião de pauta, no dia 17 o trabalho começou como se nada estivesse acontecendo de diferente. Nenhum problema de conexão foi registrado e o trabalho a distância ocorreu normalmente. Os times estavam se organizando em teleconferência via Google Meet e WhatsApp.
Mas não se trata apenas de sanar as questões técnicas e de processos. É preciso cuidar das pessoas. Na segunda-feira, 23, vimos a necessidade de conversar com todos, saber como estava sendo a experiência, ouvir seus sentimentos e corrigir pequenos desconfortos ou falhas. Seria divertido testar o Meet com 30 — o G Suite ampliou a possibilidade de participantes para 250! Porém, achamos melhor nos dividirmos em quatro grupos, cada um conduzido por um diretor. Assim poderíamos dar mais voz individual e termos possibilidade de ouvir com maior atenção.
Primeiro chamamos os líderes de departamentos e checamos com eles a ideia. Depois, cada diretor montou seu grupo. Todos tiveram a oportunidade de fazer check in, discorrer sobre a experiência, afinar alguns detalhes e fazer check out. Além dos contatos estreitos e diários entre as equipes, passamos a repetir isso, como forma de não nos distanciarmos demais em termos humanos. Mantivemos o grupo de meditação nos inícios e fins de cada semana, agora em versão on line.
Estamos aproximadamente há um mês em nossas casas. Na primeira, tivemos um incremento de 53% no tempo de dedicação da criação aos trabalhos, se comparado à média das semanas anteriores. Agora, quatro semanas após, a média de incremento está em 31%. Esses dados numéricos objetivos, e as percepções subjetivas, nos fazem entender algumas coisas:
1 – nossos clientes de varejo (supermercados) foram os que demandaram maior envolvimento, por causa do período inédito e caótico (nos primeiros dias) pelo qual passamos;
2 – não dá pra negar o fato que conseguimos ter mais foco e sermos mais produtivos em casa;
3 – e que, claro, a ansiedade do momento e o sentimento de tensão e dúvida dos primeiros dias foi sendo amenizado, se transformando em mais tranquilidade e clareza de caminhos nas estratégias de comunicação para os clientes.
A RELEVÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EM UMA PANDEMIA
De forma geral, todo esse momento quase pré-apocalíptico nos faz voltar a filosofar sobre nossa atividade. A comunicação é a base da existência humana, junto com a comida. Podemos não ter mais transporte, podemos não ter mais indústrias, pode não existir mais produção de alimento em larga escala. Em um futuro distópico, até mesmo o comércio pode vir a acabar e o dinheiro ser substituído por escambo. Mas o ser humano vai continuar precisando se comunicar, seja em um nível primário de cooperação mútua ou na mais básica das organizações sócio-políticas que possamos vir a adotar após um cataclisma qualquer.
O cenário pode ser pessimista ou otimista, mas a Incomum está segura de seus valores e de seu propósito em ajudar o mundo a se comunicar bem e a resolver suas questões de má comunicação. Temos convicção de que é isso que leva à maioria dos problemas que vemos mundo.
Se quiser ler uma boa reflexão sobre o momento que estamos passando, a Stela Nesello, uma das fundadoras e sócias da Incomum, faz uma provocação e um convite no texto a seguir: Vamos agir? Precisamos de um novo contrato social