Live Amor por Pelotas. Estive envolvido com a iniciativa voluntária da Incomum que foi transmitida nesse sábado. Como se trata de um evento de interesse geral da cidade, resolvi comentar alguns aspectos e prestar alguns agradecimentos para quem também trabalhou. E, como não pretendemos realizar outra live tão cedo, talvez os aprendizados que tive nesta primeira experiência sirvam para outros estreantes que se aventurem.
O FAZER
Desde o dia da ideia até a realização não se passaram mais de 20 dias. Dá pra imaginar a correria para desenvolver projeto, captar empresas doadoras, convidar artistas, os termos de sua adesão, releases e fotos, recebimento de vídeos, edição e correção de áudio das chamadas, depoimentos e números musicais, resolver as questões de transmissão, internet, apresentadora, cenário, sistema de doação, links, melhores plataformas para transmissão, estratégia e vastíssimo material de divulgação (devemos ter produzido, na Incomum, mais de 100 peças digitais).
Por ser uma iniciativa para a cidade, tínhamos muito receio de que qualquer referência a marcas pudesse desaproximar parceiros, como, por exemplo, concorrentes dos apoiadores ou mesmo de clientes de concorrentes da Incomum. Iniciamos, por isso, com um projeto apócrifo, mas logo vimos que isso também não dava segurança à adesão de artistas e empresas. No primeiro momento, pareceu que seria um desafio enorme lidar com ideologias, egos e mercado, quando a intenção primeira era, tão pura e simplesmente, ajudar. Mas depois de alguns contratempos nesse sentido, que quase nos tiraram a energia para prosseguir, venceu a persistência e começamos a alinhar os eixos.
Dos critérios de seleção dos artistas, o primeiro foi o de popularidade (pois precisávamos de público e doações), depois por qualidade e acessibilidade, depois para cobrir diferentes estilos. E tivemos um nome, que não conhecíamos, que se ofereceu. Gostamos e ele entrou. Devemos ter convidado uns 30, para fecharmos em 20. Uns dois dos 10 que não entraram, foi porque não toparam “ideologicamente”, outros dois não deram motivo, uns quatro não responderam e dois disseram que participariam mas acabaram não conseguindo enviar o material. Provavelmente, a quem perguntou “por que Fulano & Ciclano não estavam presentes” ou “por que a classe X ou o estilo Y não foram representados”, talvez estejam na explicação acima suas respostas.
Como seria inviável tecnicamente, um estresse desnecessário e comprometeria a qualidade final, optamos por os artistas não entrarem ao vivo. Para isso, todos receberam um minimanual de produção caseira e simples para terem um material com o mínimo de qualidade. Creio que 90% tenha lido e o seguiu?.
O aspecto da transmissão em tempo real era importante e agregador, então precisávamos que a apresentação do programa fosse ao vivo. Pedimos para que os artistas enviassem um ou dois números musicais, já que não tínhamos certeza da adesão até o fechamento do prazo de envio ou, o que acabou acontecendo com alguns, até o dia anterior. Então, muitos enviaram dois vídeos. Como acabamos tendo 20 artistas participantes, e não queríamos passar de 3h de live (fechamos em 2h55), precisamos cortar o segundo material de alguns. O critério para isso foi qualidade de captação de áudio. Sabemos como é desestimulante assistir a um vídeo cujo o áudio não está bom, ainda mais se tratando de música. Não queríamos fuga de audiência, pelo contrário. Desejávamos que os espectadores compartilhassem com seus amigos a boa experiência que estariam tendo, ampliando visualizações e doações.
Tivemos imagens de drone que foram inseridas na abertura e encerramento. Como estávamos dento de uma estrutura de concreto e o sinal não chegava bom, gravamos essas cenas um pouco antes de irem ao ar. Fomos abençoados por um belo dia e o pôr do sol ficou lindo.
AGRADECIMENTOS
Em ordem cronológica, inicio agradecendo ao Fabiano, da Idealiza e Parque Una que, quando sugerimos a live em um grupo mobilização, disse de imediato “tô dentro”. Mesmo depois de já terem doado dois respiradores para a saúde pública da cidade, entraram com equivalente a uma tonelada de alimentos, mas sob forma de recursos para pagar os cachês de artistas, equipe técnica de geração e impulsionamento da live. O pequeno saldo restante será revertido em alimentos. Adotamos a unidade tonelada de alimentos para simplificar a comunicação, gerar menos explicações desnecessárias e incentivar a adesão dos espectadores.
À Aline, da Pra Toda Obra (Piquenique Cultural), que ajudou na curadoria e contato com os artistas.
Ao Vinícius. Foi a primeira pessoa que eu conhecia e sabia que tinha experiência em transmissões ao vivo no Esportchê. Ou ele toparia ou indicaria alguém. Fez os dois. Os equipamentos dele estavam em uso com O Bairrista, mas indicou a Orion que pegou o serviço. Vinícius também ajudou no contato com artistas que tinha proximidade e esteve conosco ajudando no dia e até fazendo câmera. Tínhamos duas no estúdio, além do drone, iluminação e equipamentos de geração.
Ao Jeremias, da Paradoxo, que aceitou de pronto meu convite para ser voluntário no áudio. Mandou Juan e Anderson que foram perfeitos na execução e parceiros até o final.
Ao André da ACTEC, que também topou nos ajudar imediatamente quando perguntei sobre a segurança interna de rede que teríamos para evitar que o link da Casa Una pudesse não dar conta. Traçou uma estratégia de dados para termos certeza que ninguém estaria usando no mesmo momento a mesma conexão e, por outro lado, sem prejudicar o expediente comercial da Idealiza, que estava acontecendo ao mesmo tempo, mesmo que reduzido. Nos cederam também um no-break em que ligamos todos os equipamentos, inclusive os roteadores. Nada nos tiraria do ar. Obrigado ao Bruno também.
Precisávamos ter duas internets, e a Osirnet tinha rede no Parque Una. Milton colocou um link dedicado de 50mb (up e down) que foi mais do que suficiente para a qualidade de transmissão. Deixou um técnico de plantão monitorando a live. Se tivéssemos problema, usaríamos o link da Vivo da Idealiza, também dedicado. Não foi preciso e tivemos um vídeo extremamente estável. Obrigado!
À Gabi da Satolep Press que fez a assessoria de imprensa. Estivemos em diversas rádios, TVs e jornais, que nos deram apoio, como Haroldo, da RBS, Frederico (Fred)da Gaúcha Zona Sul, Márcio da Atlântida, Jornal Tradição,
Diário Popular, Rádio Dez, Rádio Alegria, Rádio Maisnova, Rádio Pelotense e Rádio União. Além do Deco, do e-cult, e do Amigos de Pelotas. Desculpem se falta algum veículo, pois não temos o clipping completo pra checar todos que nos ajudaram, mesmo sem que saibamos. Vocês são os mais importantes.
À Simone do Shopping Pelotas que embarcou no drive-thru de alimentos. Como foram ponto de coleta por cerca de um mês em outras campanhas de sucesso, achamos bacana manter a referência e pedimos apoio. Também não queríamos gerar aglomerações no Parque Una, de onde estávamos transmitindo. Ela gostou da ideia, falou com o Mário que topou na hora. Muito obrigado. O ponto de coleta continua esta semana, no delivery point.
Às pessoas que doaram. Foram cerca de R$ 10 mil à saúde e alimentação, através dos sites da Uhuu do hub 4All, plataforma cortesia de Jorge, Julia e Michel. Os sites continuam no ar.
Às empresas que juntas doaram à causa da live o equivalente a quase 8 toneladas de alimentos. Algumas estão doando alimentos, outras dinheiro e a Idealiza doou como falei acima. Acredito que outras ainda entrarão esta semana quando divulgarmos os números. As que temos até agora, em ordem de adesão são: Idealiza, Construtora ACPO,
Casarão Imóveis (Carolina e João Pedro), Supermercado Guanabara (Jr. e Luciano), Posto do Guga, Agência Incomum, Arrozeira Pelotas, Laborama (Laila) e OLIVEIRA IMÓVEIS.
Também doaram, mas para a saúde, Lifemed, com equipamentos que somam por volta de R$ 200 mil (uau!), e Sicredi, com R$ 10 mil.
Meu agradecimento também à Elis, da Corrente Beija-flor, e à Maria Eulalie, do Banco de Alimentos, que há muito faz tanto por nossa cidade.
À Maria Cecilia (Cissa), por aceitar, mesmo receosa, o convite para apresentar, confiando mais na gente do que nela mesma. Foi a melhor apresentadora que poderíamos ter e deu início a uma nova carreira ?. Não queríamos a figura tivesse vínculos políticos, nem que trouxesse uma marca de veículo consigo, o que poderia gerar também o distanciamento de outros.
À Yara e Rodrigo, da Imagina, que deram sugestões valiosas.
À Céu, que se mobilizou pela causa e trouxe apoiadores importantes. Um beijo pra Laura!
A todos os artistas que nos engrandecem com sua arte diariamente e que não hesitaram em fazer o bem.
Por último e, mas não menos importante — aliás, arriscaria dizer “os mais importantes” — que é o pessoal da Incomum. Não existe empresa sem pessoas, e não importava se era dia ou noite para finalizar o que precisa ser feito a tempo. Fugimos à regra que temos, que é evitar ao máximo o trabalho fora de hora, mas este era o mais importante de todos. Além do quê, não tem cliente mais chato, esclerosado e esquizofrênico do que eu (com o perdão do mau uso dos termos), ainda mais com esse prazo insano e cheio de vai e vens. Eu marquei todos aqui mas não posso marcar mais de 50, então, desculpem, tive que desfazer.
Isso é a prova de que juntos a gente faz mais. Tivemos quase 14 mil visualizações ao vivo, com pico simultâneo de cerca de 800, na soma de Facebook e Youtube.
Por fim, alguns aprendizados maiores.
— Reclamar da vida e não adianta nada.
— Se posicionar contra, quando a entrega será matar a fome e salvar vidas, também não serve pra nada.
— Se não puder/quiser fazer coisa alguma, doe. Se não puder doar, compartilhe. Se não puder compartilhar, pelo menos, pense positivamente.
Obrigado!
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Esse texto foi escrito por Daniel Moreira, o Cuca. Sócio-fundador da Agência Incomum. O cara da foto aqui embaixo.
Se você quiser ainda doar, clique aqui: https://linktr.ee/AmorPorPelotas